sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CANTANDO COM AS CRIANÇAS

Tive um encontro muito agradável hoje. Conheci esse projeto muito bacana: Cantando com as crianças. Clique sobre a imagem para conhecê-lo você também.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

SOBRE A SEPARAÇÃO - RUBEM ALVES

A selva e o mar (Rubem Alves)

 Sua mãe nasceu no mar e era, inteirinha, amor ao mar. Ah! Você quer saber o que é o amor… Amar é querer trazer para bem perto aquilo que está longe, abraçar, esforço de pôr dentro aquilo que está fora, beber, com prazer, aquilo que fez os olhos sorrir. Pois é: ela bebia do mar tudo o que via, e o mar nela morava e ela o mar namorava: a imensidão azul mistério, as coisas que viviam nas suas funduras: corais vermelhos, algas verdes, peixes de cores brilhantes, incebergs branco-gelados de mares não vistos, músicas silenciosas de catedrais encantadas. Assim era o corpo da jovem. Você acha estranho? Pensava que o corpo era feito de carne, de sangue e de ossos? Puro engano. Nosso corpo é feito daquilo que o amor pôs lá dentro. E onde o amor quis, mas não pôde, ficou um vazio, que é onde mora a saudade… Assim era o corpo daquela jovem, quase menina: havia os sons acolhidos por seus ouvidos, barulho de ondas, um paciente ir e vir sem fim como a vida… Odores de coisas marinhas entravam lá dentro pelas narinas pulsantes e faziam bem a lugares ocultos; perfumes azuis de marolas e aromas de pérolas brancas… (Você já sentiu isso, o bem que um perfume faz, num lugar de dentro da gente que a gente nem sabe onde fica?) Sua pele brincava com a água e se arrepiava toda quando a brisa lhe fazia cócegas. E em seus olhos se viam gaivotas de brancas asas e barcos a vela ao vento. Quem lhe ouvisse o coração bater juraria que eram ondas… Seus seios, conchas lisas que abrigavam criaturas macias. Seu ventre, lugar de mistérios, como a vida secreta do mar, caverna escura onde nadavam peixes minúsculos e invisíveis sementes ficavam à espera. Mas havia uma coisa que ela não podia entender: era uma tristeza, suave, nostalgia. Não lhe bastava o mar infinito. Havia os Vazios, Desejos, Ausência imensa, Saudade de algo que lhe faltava. E ela sonhava com coisas longínquas, e as amava: florestas que nunca vira, e pensava que seria bom se, um dia, o mar e a selva se encontrassem e o azul e o verde se misturassem. Ela amava o mar que nela morava, e a selva, ausência, pedaço que lhe faltava. E cantava o nome do seu amado: “Os bosques são belos, sombrios, fundos…” (Frost). Seus olhos se voltavam então para o alto das montanhas, longe, e viam as silhuetas de árvores, no céu e imaginavam belezas e mistérios diferentes daqueles do mar. E amava a floresta com que sonhava. Seu pai nascera no meio da selva e o seu corpo crescera com árvores velhas de muitos anos, frutas silvestres de muitas árvores, musgos macios de muitos verdes, aves de vozes de muitos cantos, grilhos ocultos em muitas noites, correntes de águas de muitas pedras, flores silvestres de muitos cheiros, terra macia de muitos brotos, vidas que renascem de muitas formas… Ah! Assim era o seu corpo. “E como ele se entregava! Amava seu mundo interior, caos selvagem, bosque antiquíssimo, sobre cujo silencioso despertar verde-luz seu coração se reerguia” (Riilke). Mas ele também tinha um sentimento triste, vazio, doía-lhe o lugar da Falta. E quando o sol se punha sobre o mar, ele sentia uma nostalgia imensa. Como se a floresta não lhe bastasse, o desejo por algo belo-distante, ausente. E, da sombra verde das árvores, olhava a azul luz do mar, solene no horizonte, brincalhão na areia, e desejava mergulhar nele, e pensava que felicidade é isto: a selva penetrando no mar. Um dia os dois se encontraram, se amaram, a floresta mergulhou no mar, o mar abraçou a floresta, suas sementes se misturaram e uma criança nasceu… E ela tinha no seu corpo um pouco de mar e um pouco de selva… Ah! Felicidade maior não poderia haver, e até pensaram que seria eterna… Foram morar lá em cima, no lugar do pai, os três. Felizes…O pai, no seu mundo verde, velho amigo, conhecido. A mãe, no mundo verde, mistério com que sempre sonhara e desejara. A criança, feliz, por ser selva e ser mar. Mas o tempo passou e a felicidade acabou. No peito da jovem foi crescendo uma dor. Primeiro era saudade mansa que virou tristeza: e a floresta, tão bela de longe, virou prisão… E o jovem que tanto amara ficou estranho, gigante verde, senhor da floresta, seu carcereiro. Ah! Ela já não podia amar a selva e sua face se transtornou. E o mar que morava nela ficou sinistro, uma tempestade enorme cresceu por dentro, e no seu rosto quebraram ondas em cuja fúria até mesmo a criança se debatia. E a jovem virou tristeza por se ver assim, tão feia. (É preciso que você saiba disto: nós amamos as pessoas por aquilo que de belo elas fazem nascer em nós. Como se fossem espelhos. Se nos vimos belos naqueles olhos que nos contemplam, nós as amamos. Mas, se nos vimos feios, as odiamos…) E ela então compreendeu que, por mais belas que as matas fossem, ela seria sempre uma estranha, exilada, sem lar. E foi o que disse a seu companheiro, que a entendeu e disse que não importava. Viveriam à beira-mar para que ela reencontrasse a felicidade perdida. E assim aconteceu. A alegria voltou. Mas o tempo passou e a saudade chegou agora ao peito do jovem, onde a solidão foi crescendo, tristeza de quem vive em degredo, prisioneiro de ilhas cercadas de mar sem fim. E a jovem que ele tanto amara se transfigurou num mar de tristeza,ondas se repetiam de noite e de dia, sem parar: “Nunca mais, nunca mais…” E a floresta que morava nele se enfureceu, e acordaram os bichos sinistros que dormiam nela, cobras e escorpiões, e aflorou tudo naquele rosto outrora manso, e ele ficou sinistro, e havia fogo em seu olhar,e espinhos cortantes no seu falar. E ele chorou ao ver o espanto nos olhos da sua criança, espelhos tristes, e sentiu que já não era o mesmo, e nunca o seria, longe da selva, que era seu lar. E então compreenderam que, para continuar a ser belos, era preciso que o mar e a floresta fossem verdadeiros consigo mesmos e morassem nos seus lugares. E assim viveram, longe: a jovem, à beira-mar, saudosa da floresta, o jovem, na floresta, com saudades do mar… E é por isso que as pessoas se separam, por mais que isso as dilacere, para ficarem bonitas de novo e voltarem aos mares e florestas perdidos… Cada separação é uma busca de um amor que se perdeu: em cada partida, um desejo de reencontro.Quanto à criança, diziam os outros, que nada sabiam: “Não tem onde morar…” Ignoravam os mundos onde vivera e que no seu corpo pequeno moravam um mar e uma selva. E se ora estava com a mãe, à beira-mar, ora com o pai, na floresta, não é que um lar lhe faltasse. Ela era mar, era floresta, e podia sentir-se em casa onde quer que estivesse.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

SISTEMA DIGESTÓRIO - ÓRGÃOS ANEXOS

Para atividades sobre o sistema respiratório clique aqui.
Para atividades sobre o sistema circulatório aqui.
E para sistema digestório, clique sobre a imagem abaixo.

SISTEMA EXCRETOR - ATIVIDADES ON LINE

Clique sobrea imagem para ser direcionado às atividades sobre o sistema excretor.

domingo, 21 de outubro de 2012

CESTINHO DE PAPEL


10 FERRAMENTAS BARATAS E ESSENCIAIS PARA ORGANIZAÇÃO

 FONTE:  Vida organizada

Você não precisa gastar horrores para ser uma pessoa organizada. O ideal é aproveitar o que você já tem, encontrando soluções práticas. De qualquer forma, existem algumas ferramentas que podem te ajudar no dia-a-dia sem que você gaste muito, e são elas:
  1. Caderninho para anotações. Para anotar desde coisas para fazer até ideias que não gostaria de perder. A Tilibra tem modelos ótimos abaixo de $10.
  2. Divisores de gaveta. São vendidos em lojas de $1,99 e nas revistinhas da Avon, mas você também pode fazer os seus com papelão e tesoura ou usando caixinhas de chá. As possibilidades são infinitas e você ainda recicla seu material.
  3. Agenda para toda a família. Você não consegue ser organizado(a) se não tiver uma agenda. Se tiver mais de um membro na sua casa (sua esposa ou esposo, seus filhos), você certamente irá se perder se não tiver os compromissos de todo mundo anotados. Com menos de $20, você compra uma agenda ok. Se não quiser gastar nada, pode usar a agenda do Google, que ainda separa por categorias e envia lembretes para o celular.
  4. Etiquetas. Coisas rotuladas ficam muito mais bonitas e organizadas. Você pode saber hoje o que colocou naquela pasta que vai em cima do armário, mas lembrará com tanta facilidade daqui a alguns meses? Você não precisa ter uma rotuladora para isso (apesar de facilitar bastante), nem comprar etiquetas auto-adesivas (apesar de serem baratas) – basta imprimir ou escrever à mão e colar. Isso inclusive vai fazer com que você aproveite restos de papel.
  5. Saquinhos. Não importa se de plástico ou de pano, eles sempre são úteis. Você pode guardar coisas separadas por categorias dentro da sua bolsa, por exemplo, ou organizar material de escritório.
  6. Caixas organizadoras. Sempre precisamos armazenar coisas, por menos que a gente as tenha, e não inventaram nada melhor que as caixas para fazermos isso. Use caixas de embalagens (eu uso muito as caixas de fraldas atualmente) encapando-as com um papel de presente bacana. Não precisa comprar.
  7. Ganchos de parede. Eu sou uma pessoa que não imagina o mundo sem esses ganchos em cada cômodo. Para toalhas no banheiro, casacos na sala e pijamas no quarto, considero uma das principais ferramentas de organização. Podem ser encontrados em lojas de $1,99 também e em muitas outras, sempre baratos.
  8. Arames. Sabe aquele infame araminho que vem no saco do pão? Saiba que você pode usá-lo para organizar fios, por exemplo.
  9. Prateleiras. Não importa se de madeira ou de aramado, as prateleiras vão dentro e fora dos armários, aumentando os espaços e proporcionando uma organização muito maior.
  10. Pastas. Por mais que você diminua a quantidade de papel, eles estão sempre indo e vindo e não conseguimos evitar. Apenas mantenha tudo organizado com pastas, que são baratas e podem ser encontradas por cerca de $3 cada.

sábado, 20 de outubro de 2012

ENSINANDO SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS E COMUNS

Ideia muito criativa de como ensinar substantivo para a turminha.
 FONTE: Ideia criativa

Sempre que me preparava pra dar essa aula saía catando tudo que era bugiganga pela casa, desde doces , frutas, tampas  de garrafa até os  brinquedos de meus filhos, que sob protesto, eram logo colocados dentro de uma grande sacola e partiam comigo para a sala de aula, onde me auxiliavam na instrução do dia.
Ao me ver chegar com uma sacola diferente, meus alunos já ficavam entusiasmados, e quando as coisas iam saindo, uma a uma, da sacola, então, era uma agonia só.
Primeiro eu tirava uma boneca e lhes mostrava perguntando:
- O que é isso?
Eles prontamente respondiam:
 -  É uma boneca prô.
 -  E como se escreve boneca? Quem poderia me ajudar escrevendo esse nome?
E sempre alguém vinha, giz em punho,  escrever uma palavra, fosse carro, remédio, boneco, lápis ...
Mas onde entra o tema da aula, afinal? Até o momento só vimos alunos indo ao quadro e escrevendo palavras que iam ou não sendo corrigidas. Calma, caros colegas, já chegaremos lá.
Acabado o festival de escrita de palavras,  bate papo,  alegria, continuávamos a aula.
 -  Gente , essa boneca se chama Dalila.
  Eles me falavam sobre os nomes de suas bonecas e eu pedia para que alguém viesse escrever o nome de Dalila e das outras bonecas que eram citadas,  e quando o aluno escrevia o nome corretamente, com a inicial maiúscula,  eu aproveitava para explicar que Dalila, assim  como eles, era única, e portanto, merecia que seu nome também fosse grafado com a inicial maiúscula.
Então, escrevia o tema da aula e dava a definição, fazendo, depois, com que eles repetissem comigo as frases:
Dalila é uma boneca.
Boneca é um substantivo comum. Por quê?
Toda boneca é uma boneca.
Mas Dalila é um nome próprio. Por quê?
Toda boneca é uma boneca, mas nem toda boneca é Dalila. E seguiamos o festival
Todo carro é um carro, mas nem todo carro é uma B M W
Todo remédio é remédio, mas nem todo remédio é Dipirona
Todo rio é um rio , mas nem todo rio é o Amazonas
Toda cidade é uma cidade, mas nem toda cidade é São Paulo.
A aula corria as mil maravilhas até um espertinho lembrar ...
Toda mulher é mulher, não é, prô?
 -  É sim, mas nem toda mulher é Maria
 -  Mas tem muita Maria por ai.  Como pode ser única e ter nome próprio se tem um monte?
 - Não há sequer um ser humano igual, meu querido, e se o nome for igual, o sobrenome é diferente,  se o sobrenome for igual, o número de identidade é diferente e se não tiver identidade, a impressão digital é diferente, única, portanto, substantivo próprio.
E fazíamos nossas atividades,  jogávamos o jogo da forca e comíamos as frutas que serviram de exemplo de substantivo comum .... Só festa e aprendizado garantido.
OBS.: Transcrevi aqui texto da professora Gi, com pequenas alterações.

TRABALHANDO O MESMO TEMA COM OS ALUNOS MAIORES

 MINHA SUGESTÃO

Para os maiores, sugiro o divertido jogo do STOP, no qual os alunos vão escrevendo o nome de pessoas, cidades, carros, objetos (esses ou outros ítens devem ser escolhidos de acordo com a vontade do grupo). Nomes próprios e comuns vão surgir em quantidade. 
 Proponha o mesmo exercício que a professora Gi desenvolveu, e depois, solicite aos alunos que classifiquem os substantivos em comuns e próprios.

domingo, 23 de setembro de 2012

QUAL É O BICHO?



QUAL É O BICHO?

Qual é o bicho
Que bicho é
Que come banana
E se coça com o pé
Parece gente, mas não é
Qual é esse bicho que bicho é?

Quem disse macaco
Acabou de acertar
Mas eu tenho outro bicho
Para adivinhar
Qual é o bicho, que bicho é?
Que abana o rabinho
Se gosta da gente, tem quatro patas,
Focinho gelado.
Qual é o bicho?
Que bicho é?

Quem disse cachorro
Acabou de acertar
Mas eu tenho outro bicho
Para adivinhar
Qual é o bicho, que bicho que é?
Que tem penas verdes
Vermelhas e amarelas
Fala como gente
Mas gente não é!
Qual é esse bicho?
Que bicho que é?

Quem disse papagaio
Acabou de acertar
Mas eu tenho outro bicho para adivinhar
Qual é o bicho, que bicho que é?
Que bebe leite e não bebe café
Fica no telhado, não na chaminé
Qual é o bicho?
Que bicho que é?

Quem disse gato
Acabou de acertar
Mas eu tenho outro bicho
Para adivinhar
Quem gosta de bicho
Sabe adivinhar
Quem não gosta de bicho
Precisa gostar.

TEXTOS MARAVILHOSOS



COLONIZADORES
MANUEL BANDEIRA

Portugal, meu avozinho                                   
Como foi que temperaste,
Portugal, meu avozinho,
Esse gosto misturado
De saudade e de carinho?

Esse gosto misturado
De pele branca e trigueira,
gosto da África e Europa,
que é o da gente brasileira?
     
      Gosto de samba e de fado,
      Portugal, meu avozinho,
      Ai Portugal que ensinaste
      Ao Brasil o teu carinho!

T    Tu de um lado, e do outro lado
      Nós... no meio o mar profundo...
Mas, por mais fundo que seja,
Somos os dois um só mundo.

Grande mundo de ternura,
Feito de três continentes...
Ai mundo de Portugal,
Gente mãe de tantas gentes!

Ai Portugal de Camões,
Do bom trigo e do bom vinho,
Que nos deste, ai avozinho,
Esse gosto misturado,
Que é saudade e que é carinho!



A COR DO HOMEM
Milton Nascimento


Mas como pode um homem
escravizar outro homem?

O homem negro não é melhor
que o homem branco, nem pior
a pele branca não é pior
que a vermelha, nem melhor
a pele negra, branca, vermelha, amarela
é apenas a roupa que veste um homem
— animal nascido do amor
criado para pensar, sonhar e fazer
outros homens
com amor.

CASA NO CAMPO
ZÉ RODRIX E TAVITO


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza dos amigos do peito
E mais nada
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E o filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
 Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal
Pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais.



MEU PAÍS 
Zezé di Camargo e Luciano


Aqui não falta sol, aqui não falta chuva.
A terra faz brotar qualquer semente
Se a mão de Deus protege e molha o nosso chão
Por que será que ta faltando pão?

Se a natureza nunca reclamou da gente
Do corte do machado, a foice, o fogo ardente.
Se nessa terra tudo que se planta dá
Que e que há, meu país? O que e que há?

T em alguém levando lucro
T em alguém colhendo o fruto Sem saber o que é plantar
Tá faltando consciência
T á sobrando paciência
Tá faltando alguém gritar


Feito um trem desgovernado
Quem trabalha tá ferrado nas mãos de quem só engana
Feito mal que não tem cura
Estão levando a loucura
O país que a gente ama

Feito mal que não tem cura
Estão levando a loucura
O Brasil que a gente ama.


O BIFE


Onde é
que está
meu bife?
Fugiu do açougue
sumiu da cozinha
no prato não acho
quem sabe me diga:
será que meu bife
está noutra barriga?

Meu bife
era
a cavalo:
um ovo estalado
com batata frita.
Porém me lembrei:
sendo bife a cavalo
fugiu no galope
não vou mais achá-lo.

               José Paulo Paes “ Lé com cré”




POESIA FOLCLÓRICA


Quem quiser saber meu nome,

Dê uma volta no jardim.
Que meu nome está escrito
Numa folha de jasmim.

Quem quiser saber meu nome,
Dê uma volta no mercado.
Que meu nome está escrito
Na faixa do colorado.

Quem quiser saber meu nome,
Dê uma volta no quartel.
Que meu nome está escrito
No chapéu do coronel.


                                      


TRAVA-LÍNGUAS

O peito do pé de Pedro é preto.
O rato roeu a roda da carroça do rei de Roma.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Salmouras salgadas só salgam salsichas.
Um tigre, dois tigres, três tigres.
A aranha arranha a jarra, a jarra arranha a aranha.
O padre Pedro tem um prato de prata, o prato de prata não é de Pedro.  
O pato pipo tem pata e papo.
A bola de Beto bateu na boca da babá.
O brinco de Bruna brilha.
A faca afiada ficava no fundo do fogão.
Comprei  uma arara rara em Araraguara.
Frufru tomo frapê de fruta fresca.
Alfredo fritou o frango na frigideira.
A gralha na grade gritou com o grilo na gruta.
O recruta no recreio comeu um croquete crocante.
Um bife de caçarolinha não é um rifle de caçar rolinhas.
Luzia lustrava o lustre listrado.O lustre listrado luzia.
Trava o trinco, traz o troco.
Três pratos de trigo para três tigres.

Olha o sapo dentro do saco.
O saco com o sapo dentro
O sapo batendo papo
E o papo soltando vento.

Não sei se é fato ou fita
Não sei se é fita ou fato
O fato é que ela me fita
Me fita mesmo de fato.

Pardal pardo, por que palras?
Palro sempre e palrarei,
Porque sou o pardal pardo,
O palrador D’el-rei.

Não consinto que confunda fundas
Com cinto nem consinto que confunda cinto com funda.


A CARTA E O ÍNDIO
UM FAZENDEIRO INCUBIU A UM ÍNDIO, AINDA NÃO TODO CIVILIZADO, QUE FOSSE LEVAR DEZ BELAS FRUTAS A UM AMIGO. SOBRE ELAS COLOCOU UMA CARTA NO CAMINHO, O ÍNDIO TEVE VONTADE DE COMER UMA DAS FRUTAS. E NÃO SE CONTEVE: COMEU-A!
         AO RECEBER O PRESENTE, O AMIGO DO FAZENDEIRO DISSE AO ÍNDIO:
            - VOCÊ COMEU UMA DAS FRUTAS?
            - EU?
            - SIM. ESTÁ FALTANDO UMA.
            - COMO É QUE O SENHOR SABE?
            - ORA ESSA! PELA CARTA.
         O ÍNDIO NÃO TINHA A MENOR IDÉIA DE COMO A GENTE PODE REGISTRAR AS IDÉIAS PELA ESCRITA, E DESSE MODO TRANSMITÍ-LAS AOS OUTROS.
         POR ISSO, OLHOU COM ADMIRAÇÃO A FOLHA DE PAPEL QUE O OUTRO EXIBIA E DISSE:
           -AH! ISSO CONTA O QUE A GENTE FAZ?... EU NÃO SABIA!
        UMA SEMANA DEPOIS O ÍNDIO FOI DE NOVO ENCARREGADO DE LEVAR UM CESTO DE FRUTAS AO MESMO HOMEM. LEVARA TAMBÉM UMA CARTA.
        NO MEIO DO CAMINHO, POUSOU A CESTA NO CHÃO E, PEGANDO A CARTA, DISSE:
          - DEIXE ESTAR, BICHO MEXERIQUEIRO, CONTADOR DO QUE A GENTE FAZ! AGORA VOCÊ NÃO HÁ DE VER O QUE EU VOU FAZER PARA CONTAR AOS OUTROS!
        DITO ISSO, SENTOU-SE SOBRE O ENVELOPE. COMEU TRÊS DAS FRUTAS E ATIROU AS CASCAS E OS CAROÇOS. ENTÃO LEVANTOU-SE PÔS A CARTA NO LUGAR, E CONTINUOU NO CAMINHO.
        MAS COITADO! MAL CHEGA À CASA DO AMIGO DO FAZENDEIRO, O MESMO LHE PERGUNTA:
         - MAS ENTÃO ESTAVAM BOAS AS FRUTAS?
         -NÃO SEI, NÀO SENHOR!
         -COMO NÃO SABE?...POIS NÃO COMEU TRÊS DELAS?
      VENDO-SE APANHADO EM FALTA, O ÍDIO, MUITO SEM JEITO CONFESSOU:
         -COMI, SIM SENHOR! O SENHOR  ME DESCULPE... MAS... EU SÓ QUERIA SABER COMO FOI QUE O SENHOR DESCOBRIU...
         - É BOA! PELA CARTA!
         - NÃO PODE SER, NÃO SENHOR! O SENHOR ESTÁ BRINCANDO COMIGO, PORQUE DESTA VEZ EU SENTEI EM CIMA DELA E ELA NÀO VIU NADA.
       O HOMEM SORRIU DAQUELA SIMPLICIDADE, E O ÍNDIO PÔS-SE A PENSAR NO CASO. EMBORA NÃO TUDO PERFEITAMENTE COMEÇOU A PERCEBER QUE OS SINAIS ESCRITOS DEVERIAM SERVIR PARA TRANSMITIR UM RECADO.
FRANCISCO VIANA, ADAPTAÇÃO DE ALTINO MARTINEZ


EU SOU ESPECIAL

ALGUMAS PESSOAS SÃO MENORES DO QUE EU
ALGUMAS PESSOAS SÃO MAIORES E MAIS GORDAS DO QUE EU

NINGUEM É IGUAL, EU SOU ESPECIAL
NINGUEM É IGUAL, EU SOU ESPECIAL
EU SOU SIM!

PORQUE UNS SÃO MAIS ESCUROS DO QUE EU
E OUTROS SÃO MAIS MAGROS DO QUE EU
FAÇO COISAS QUE OUTROS TÊM DIFICULDADES, TENHO DIFICULDADES NO QUE OUTROS FAZEM FACILMENTE,
COMO AMARRAR OS SAPATOS

NINGUÉM É IGUAL EU SOU ESPECIAL
NINGUÉM É IGUAL EU SOU ESPECIAL

UNS TÊM A COR DOS CABELOS DIFERENTES,
OUTROS TÊM ENROLADOS OU LISOS
VEJO QUE EU POSSO SER E SOU BONITO
E NÃO EXISTE OUTRO PARECIDO COMIGO!
EU GOSTO DE SER EU
NINGUÉM É IGUAL,
EU SOU ESPECIAL 
  Música do desenho animado: A Pessoa Mais Importante