domingo, 23 de setembro de 2012

TEXTOS MARAVILHOSOS



COLONIZADORES
MANUEL BANDEIRA

Portugal, meu avozinho                                   
Como foi que temperaste,
Portugal, meu avozinho,
Esse gosto misturado
De saudade e de carinho?

Esse gosto misturado
De pele branca e trigueira,
gosto da África e Europa,
que é o da gente brasileira?
     
      Gosto de samba e de fado,
      Portugal, meu avozinho,
      Ai Portugal que ensinaste
      Ao Brasil o teu carinho!

T    Tu de um lado, e do outro lado
      Nós... no meio o mar profundo...
Mas, por mais fundo que seja,
Somos os dois um só mundo.

Grande mundo de ternura,
Feito de três continentes...
Ai mundo de Portugal,
Gente mãe de tantas gentes!

Ai Portugal de Camões,
Do bom trigo e do bom vinho,
Que nos deste, ai avozinho,
Esse gosto misturado,
Que é saudade e que é carinho!



A COR DO HOMEM
Milton Nascimento


Mas como pode um homem
escravizar outro homem?

O homem negro não é melhor
que o homem branco, nem pior
a pele branca não é pior
que a vermelha, nem melhor
a pele negra, branca, vermelha, amarela
é apenas a roupa que veste um homem
— animal nascido do amor
criado para pensar, sonhar e fazer
outros homens
com amor.

CASA NO CAMPO
ZÉ RODRIX E TAVITO


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza dos amigos do peito
E mais nada
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E o filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
 Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal
Pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais.



MEU PAÍS 
Zezé di Camargo e Luciano


Aqui não falta sol, aqui não falta chuva.
A terra faz brotar qualquer semente
Se a mão de Deus protege e molha o nosso chão
Por que será que ta faltando pão?

Se a natureza nunca reclamou da gente
Do corte do machado, a foice, o fogo ardente.
Se nessa terra tudo que se planta dá
Que e que há, meu país? O que e que há?

T em alguém levando lucro
T em alguém colhendo o fruto Sem saber o que é plantar
Tá faltando consciência
T á sobrando paciência
Tá faltando alguém gritar


Feito um trem desgovernado
Quem trabalha tá ferrado nas mãos de quem só engana
Feito mal que não tem cura
Estão levando a loucura
O país que a gente ama

Feito mal que não tem cura
Estão levando a loucura
O Brasil que a gente ama.


O BIFE


Onde é
que está
meu bife?
Fugiu do açougue
sumiu da cozinha
no prato não acho
quem sabe me diga:
será que meu bife
está noutra barriga?

Meu bife
era
a cavalo:
um ovo estalado
com batata frita.
Porém me lembrei:
sendo bife a cavalo
fugiu no galope
não vou mais achá-lo.

               José Paulo Paes “ Lé com cré”




POESIA FOLCLÓRICA


Quem quiser saber meu nome,

Dê uma volta no jardim.
Que meu nome está escrito
Numa folha de jasmim.

Quem quiser saber meu nome,
Dê uma volta no mercado.
Que meu nome está escrito
Na faixa do colorado.

Quem quiser saber meu nome,
Dê uma volta no quartel.
Que meu nome está escrito
No chapéu do coronel.


                                      


TRAVA-LÍNGUAS

O peito do pé de Pedro é preto.
O rato roeu a roda da carroça do rei de Roma.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Salmouras salgadas só salgam salsichas.
Um tigre, dois tigres, três tigres.
A aranha arranha a jarra, a jarra arranha a aranha.
O padre Pedro tem um prato de prata, o prato de prata não é de Pedro.  
O pato pipo tem pata e papo.
A bola de Beto bateu na boca da babá.
O brinco de Bruna brilha.
A faca afiada ficava no fundo do fogão.
Comprei  uma arara rara em Araraguara.
Frufru tomo frapê de fruta fresca.
Alfredo fritou o frango na frigideira.
A gralha na grade gritou com o grilo na gruta.
O recruta no recreio comeu um croquete crocante.
Um bife de caçarolinha não é um rifle de caçar rolinhas.
Luzia lustrava o lustre listrado.O lustre listrado luzia.
Trava o trinco, traz o troco.
Três pratos de trigo para três tigres.

Olha o sapo dentro do saco.
O saco com o sapo dentro
O sapo batendo papo
E o papo soltando vento.

Não sei se é fato ou fita
Não sei se é fita ou fato
O fato é que ela me fita
Me fita mesmo de fato.

Pardal pardo, por que palras?
Palro sempre e palrarei,
Porque sou o pardal pardo,
O palrador D’el-rei.

Não consinto que confunda fundas
Com cinto nem consinto que confunda cinto com funda.


A CARTA E O ÍNDIO
UM FAZENDEIRO INCUBIU A UM ÍNDIO, AINDA NÃO TODO CIVILIZADO, QUE FOSSE LEVAR DEZ BELAS FRUTAS A UM AMIGO. SOBRE ELAS COLOCOU UMA CARTA NO CAMINHO, O ÍNDIO TEVE VONTADE DE COMER UMA DAS FRUTAS. E NÃO SE CONTEVE: COMEU-A!
         AO RECEBER O PRESENTE, O AMIGO DO FAZENDEIRO DISSE AO ÍNDIO:
            - VOCÊ COMEU UMA DAS FRUTAS?
            - EU?
            - SIM. ESTÁ FALTANDO UMA.
            - COMO É QUE O SENHOR SABE?
            - ORA ESSA! PELA CARTA.
         O ÍNDIO NÃO TINHA A MENOR IDÉIA DE COMO A GENTE PODE REGISTRAR AS IDÉIAS PELA ESCRITA, E DESSE MODO TRANSMITÍ-LAS AOS OUTROS.
         POR ISSO, OLHOU COM ADMIRAÇÃO A FOLHA DE PAPEL QUE O OUTRO EXIBIA E DISSE:
           -AH! ISSO CONTA O QUE A GENTE FAZ?... EU NÃO SABIA!
        UMA SEMANA DEPOIS O ÍNDIO FOI DE NOVO ENCARREGADO DE LEVAR UM CESTO DE FRUTAS AO MESMO HOMEM. LEVARA TAMBÉM UMA CARTA.
        NO MEIO DO CAMINHO, POUSOU A CESTA NO CHÃO E, PEGANDO A CARTA, DISSE:
          - DEIXE ESTAR, BICHO MEXERIQUEIRO, CONTADOR DO QUE A GENTE FAZ! AGORA VOCÊ NÃO HÁ DE VER O QUE EU VOU FAZER PARA CONTAR AOS OUTROS!
        DITO ISSO, SENTOU-SE SOBRE O ENVELOPE. COMEU TRÊS DAS FRUTAS E ATIROU AS CASCAS E OS CAROÇOS. ENTÃO LEVANTOU-SE PÔS A CARTA NO LUGAR, E CONTINUOU NO CAMINHO.
        MAS COITADO! MAL CHEGA À CASA DO AMIGO DO FAZENDEIRO, O MESMO LHE PERGUNTA:
         - MAS ENTÃO ESTAVAM BOAS AS FRUTAS?
         -NÃO SEI, NÀO SENHOR!
         -COMO NÃO SABE?...POIS NÃO COMEU TRÊS DELAS?
      VENDO-SE APANHADO EM FALTA, O ÍDIO, MUITO SEM JEITO CONFESSOU:
         -COMI, SIM SENHOR! O SENHOR  ME DESCULPE... MAS... EU SÓ QUERIA SABER COMO FOI QUE O SENHOR DESCOBRIU...
         - É BOA! PELA CARTA!
         - NÃO PODE SER, NÃO SENHOR! O SENHOR ESTÁ BRINCANDO COMIGO, PORQUE DESTA VEZ EU SENTEI EM CIMA DELA E ELA NÀO VIU NADA.
       O HOMEM SORRIU DAQUELA SIMPLICIDADE, E O ÍNDIO PÔS-SE A PENSAR NO CASO. EMBORA NÃO TUDO PERFEITAMENTE COMEÇOU A PERCEBER QUE OS SINAIS ESCRITOS DEVERIAM SERVIR PARA TRANSMITIR UM RECADO.
FRANCISCO VIANA, ADAPTAÇÃO DE ALTINO MARTINEZ


EU SOU ESPECIAL

ALGUMAS PESSOAS SÃO MENORES DO QUE EU
ALGUMAS PESSOAS SÃO MAIORES E MAIS GORDAS DO QUE EU

NINGUEM É IGUAL, EU SOU ESPECIAL
NINGUEM É IGUAL, EU SOU ESPECIAL
EU SOU SIM!

PORQUE UNS SÃO MAIS ESCUROS DO QUE EU
E OUTROS SÃO MAIS MAGROS DO QUE EU
FAÇO COISAS QUE OUTROS TÊM DIFICULDADES, TENHO DIFICULDADES NO QUE OUTROS FAZEM FACILMENTE,
COMO AMARRAR OS SAPATOS

NINGUÉM É IGUAL EU SOU ESPECIAL
NINGUÉM É IGUAL EU SOU ESPECIAL

UNS TÊM A COR DOS CABELOS DIFERENTES,
OUTROS TÊM ENROLADOS OU LISOS
VEJO QUE EU POSSO SER E SOU BONITO
E NÃO EXISTE OUTRO PARECIDO COMIGO!
EU GOSTO DE SER EU
NINGUÉM É IGUAL,
EU SOU ESPECIAL 
  Música do desenho animado: A Pessoa Mais Importante

 





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